Hoje vai ser um dia daqueles. Ainda nem bem acordei e a primeira coisa que me vem à cabeça é um caralho grosso e comprido. Ainda nem bem acordei e já estou a sonhar acordada. Sei que sonhei durante a noite, não me lembro o quê. Mas só pode ter sido com uma coisa… Ainda nem bem acordei e já tenho a cona toda molhada. Hoje vai ser um dia daqueles…
Fode-me até amanhã!
Se fosse eu que mandasse, agora queria sair da cama mas era agarrada, impedida. Dois braços fortes puxavam-me e sentia as costas quentes coladas a um corpo nu. Tentava libertar-me mas duas grandes mãos apertavam-me as mamas, roçando um dedo em cada mamilo, e outras duas deslizavam pelas laterais do meu corpo até confluírem nas ancas e se perderem nas virilhas.
Se fosse eu que mandasse, o homem tinha quatro mãos e, sem me perguntar por onde as queria, enfiava-me o caralho pela cona adentro e só depois dizia:
– Queres que eu te foda?
– Quero que me fodas antes de dizeres bom dia!
Sento-me na sanita e quase asfixio com o cheiro do meu próprio sexo. Cona, rata, racha, senaita, fenda, pachacha, cona, cona, cona, a escorrer e a saltar… Sinto o alívio da bexiga a esvaziar e até isso me atormenta, o líquido a correr da cona molhada. Não sei se me venho a mijar, contorço-me nessa libertação fisiológica, chego a gemer e ouvir-me gemer faz-me gemer mais.
Gosto de mijar com o caralho. Quero dizer, sentada na sanita, a pensar na vida e, de repente, pumba!, um caralho à frente dos olhos, apontado à boca! A posição facilita, eu sentada, ele de pé, é a altura ideal. Quem inventou a sanita sabia a importância de um broche. O som metálico do mijo a bater na água e ele com ele enfiado até ao fundo da minha garganta, até os pintelhos me fazerem cócegas no nariz. Gosto de ser apanhada assim, indefesa, a mijar-me toda, com a boca cheia de caralho, o peso da carne dele, densa e dura, sobre a língua, a mão na nuca a marcar o ritmo dos movimentos. Gosto quando ele diz…
– Engole tudo, que faz os olhos bonitos…
…antes de sentir o seu jacto quente a disparar nas paredes da minha boca.
Fecho as pernas com força, sinto o olho do cu a pulsar, toda a minha terra treme. Não limpo a cona depois de mijar porque nestes dias fico sensível, fico toda « não me toques”. Porque não me toco. Se for preciso, prendo as mãos atrás das costas. Não me quero tocar. Quero sentir o fogo crescer dentro de mim. Deixar-me ser a carne para canhão do meu próprio desejo…
O pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia. E quando acordo como hoje, não me chega uma meia de leite com torradas. Preciso de mais alimento. Cona, rata, racha, senaita, fenda, pachacha, chama à recepção pila, picha, piça, nabo, narça, caralho… De preferência um de cada, com creme.
Nestes dias gosto de me sentar à mesa com o roupão aberto, sem cuecas, de abrir o jornal e as pernas. Gosto de ter à mão uma mão de homem, com dedos grossos. Gosto de deixá-la lá em baixo a trabalhar sozinha, enquanto lhe esfrego o pau e faço as palavras cruzadas: « Grau máximo de excitação numa relação sexual ou na masturbação”, com sete letras…
– Mão morta, mão morta, vem foder a minha porta…
Dois dedos de homem enfiados, com pêlos nos nós, a escarafunchar lá dentro, a tocar-me no nervo.
Sobre a napa da cadeira já uma poça de cona. Depois, um polegar gordo no cu, a massajar por dentro, a investigar em forma de anzol vivo. E logo aquela mão toda à minha frente, dois dedos de cona pelo nariz, um dedo de cu pela boca. Delicioso tudo, ambrósia dos deuses, pequeno-almoço com macho para a sobremesa. Inebriada… Quero fodê-lo! Quero que ele me foda! Quero tocar-me!
Não me toco.
Preciso de me arranjar. Mais do que nos outros dias, quando acordo como hoje faço por me arranjar bem. Demoro-me a escolher cada peça de roupa como se fosse a última que irei usar, a que ficará como derradeiro conjunto na fotografia reservada à posteridade.
Dispo-me toda e começo do início como quem monta um puzzle. Quero ser o puzzle. Quero ser montada. Mas não em função do meu próprio critério. Não quero agradar-me: quero agradar! Preciso de me sentir bem vestida antecipando como me poderei vir a sentir bem despida…
Quase pronta para sair. Olho-me ao espelho e tenho vontade de me foder ali mesmo, de pé contra a parede ou com o cu em cima do lavatório.
A roupa que escolhemos é uma ferramenta essencial da confiança. Sinto-me confiante mas finjo que não estou. Quando estou insegura fico vulnerável e os machos sentem essa fragilidade. É quando preferem atacar.
Recomenda-se, quando a confiança nos falta, imaginar que todos os outros na plateia estão nus. Nestes dias eu faço ao contrário: imagino que sou eu que estou nua numa plateia de homens, todos de caralho na mão. Grau máximo de excitação numa relação sexual ou na masturbação, com sete letras… E sinto-me uma presa fácil, a mulher mais desejada do mundo.
Nestes dias escolho um restaurante ao pé de um banco ou de uma oficina, depende para onde estou virada. Mais elegância sábia ou mais testosterona desajeitada: é escolher, freguesa!
Jackpot! Dois amigos, um empregado bancário e um mecânico, sentados ao lado duma mesa vaga. Um, fato e gravata; o outro, fato e macaco. Olho-os de alto com um desprezo ensaiado, só para lhes garantir a atenção, enquanto roço o cu na mesa deles antes de me sentar. Umas feromonas para lhes abrir o apetite…
Sinto imediatamente os seus olhos em cima de mim, olhos que querem comer mas se ressentem da primeira rejeição. Olhos de querer e não querer, que dizem:
– Olha para esta vaca com a mania que é boa! Deve pensar que é importante…
São tão fáceis que quase perco a tusa.
Fico propositadamente sentada de frente para eles. Estou tão perto que os consigo cheirar, à vez e tudo junto: o lavadinho tresanda a cosméticos metrossexuais, de certeza que rapa a picha e os colhões; o sujo, a óleo de automóvel e ao sabão rafeiro com que lava as mãos dezasseis vezes por dia sem conseguir tirar o preto das unhas… de certeza que tem um matagal lá em baixo; e a temperar os estereótipos e a sua consequente promiscuidade aromática, o bacalhau com natas que ambos têm no prato.
Nauseada de antecipação, deixo descair o olhar em cima da mesa deles, mas de forma a lançar a dúvida se estou realmente a observá-los ou simplesmente o meu olhar perdido divagou na sua direcção. Finalizo fixando fugazmente os meus olhos nos olhos de um deles e finjo que sou « apanhada”, sorrindo o mais falsamente que consigo. É o suficiente para os deixar em sentido. A partir daí, aproveitam cada oportunidade para tentar encontrar o meu olhar e enfiar nele um sorriso que, pensam eles, lhes dará a aberta que procuram.
Nessa altura a minha imaginação já lhes distribuiu tarefas: o lavadinho come-me pela frente e apalpa-me o rabo; o peludo enfia-mo por trás e aperta-me as mamas como se fossem bisnagas. Estamos os três de pé, eu no meio dos dois, e um anão com asas de anjo gira à nossa volta unindo-nos com camadas infinitas de fita-adesiva…
Back to reality… Eles continuam a olhar, mas não os deixo ver a minha fantasia. « Entrada interdita a pessoal não autorizado”. Faço de conta que os ignoro mas vou-os brindando com aquele par de gestos que o código masculino, na sua básica percepção, interpreta como o interesse feminino: um ajeitar da roupa, uma mexida nos cabelos, um sorriso para mim própria. Um deles solta uma gargalhada falsa, como um galo a exibir confiança, e sei imediatamente que o objectivo foi alcançado: para eles, estou no papo.
Decido acabar com aquela pantomima e, para isso, inicio uma nova. Pego no telemóvel, finjo carregar numa tecla de chamada automática e espero. Espero durante 30 segundos. Nada. Pouso o telefone e suspiro impaciente. O lavadinho, mais desperto para jogos, observa-me com interesse. O outro está concentrado no bacalhau. Volto a tentar a chamada falsa e repito a frustração. Finjo escrever uma mensagem mas na realidade estou a programar o alarme para daí a alguns minutos. Faço uma terceira chamada, não atendida, e volto a suspirar. É então que ouço a voz do lavadinho. Estava a ver que nunca mais…
– Não me digas que levaste uma tampa… Uma beldade como tu.
Só a mente neandertal de um homem para achar que uma abordagem destas é capaz de seduzir uma mulher.
Baixo a cabeça e sorrio timidamente. Então o meu telefone toca (na realidade é o alarme).
– Sim…? O que é que estás a fazer para não me atenderes o telefone? A pensar em mim? Duvido… Eu? A pensar em ti, claro: estou quase a acabar de almoçar (nem sequer tinha feito o pedido) e tu, nada! (pausa) Não consegues?
Levanto ligeiramente a voz.
– Como assim, não consegues?! Estou à tua espera!
Volto a baixar o tom.
– Tu é que perdes… (outra pausa) Não tens nada a ver como é que eu estou vestida.
Finjo-me envergonhada e com a mão tapo a boca perto do telefone, como se quisesse esconder a conversa.
– Não tens nada a ver com o que trago por baixo…
Ouço os meus vizinhos a mexerem-se na cadeira.
– Quero lá saber o que me fazes quando me apanhares…
Faço beicinho e ouço-os engolir em seco.
– Isso é o que tu pensas! Nunca mais me tocas nas mamas…
Ouço-os a suar.
– Pois sou, sou uma puta. Sabes bem como sou puta… Mas olha, não há puta sem cabrão!
Desligo o telefone, furiosa.
Olho para a mesa dos machos e vejo-os a fixar-me expectantes. O lavadinho, que parou de comer, sorri-me com uma galanteria tarada, franzido como o lobo mau a preparar-se para papar o capuchinho. O mecânico pisca-me o olho com a bocarra cheia de bacalhau. Que par de duques… Um Valentino de cordel e um Dom Juan das barracas!
Retribuo o sorriso, agarro na mala e levanto-me.
– Bem, parece que o meu almoço ficou sem efeito.
Quando passo pela mesa deles o lavadinho levanta-se…
– Se puder ajudar… Tenho a tarde livre e…
Nesse momento o outro pigarreia.
– Quer dizer, « temos” a tarde livre e se quiser…
– Obrigada – disse, secamente.¬ – Já tenho outro compromisso.
Ia sair quando ele me agarra pelo braço. Detesto quando me agarram pelo braço! Ter-lhe-ia dado um pontapé nos tomates ali mesmo, mas estava num dia daqueles…
– Fique com o meu cartão. Pode ligar a qualquer hora – diz-me, estendendo a pequena cartolina rectangular.
Deixo-os no restaurante a dar palmadinhas nas costas um ao outro, certamente a gabarem o triste espectáculo da sua audácia, e apanho o autocarro para casa.
Como sempre àquela hora, o autocarro vem cheio e fico de pé, agarrada numa daquelas pegas penduradas do tecto. Ali volto a fantasiar com os meus dois comensais. O lavadinho ataca-me de surpresa, tira-me as mamas de dentro da blusa e beija-me com paixão. É meigo e sabe o que faz. Recompenso-o tirando-lhe o caralho para fora e começo a esfregá-lo. Beija-me depois no pescoço enquanto me apalpa as mamas e me mete uma mão entre as pernas, por dentro das leggings. A sensação é tão vívida que por momentos julgo que ele está ali comigo, no autocarro.
Depois vira-me para ele e com a pontinha da língua começa a fazer movimentos circulares nos meus mamilos, um de cada vez, até que abocanha um deles e suga com força. Os seus lábios ficam cá fora, na orla, mas a sucção comprime-me o mamilo contra o céu da sua boca ao mesmo tempo que usa a língua para o lamber por baixo. Solto um gemido e ouço uma voz perguntar:
– Sente-se bem? Está maldisposta?
É uma senhora ao meu lado no autocarro.
– Estou bem, obrigada. Já passou…
Já passou. As mãos do lavadinho já estão lá em baixo, acariciando-me as ancas, as nádegas, passeando os dedos muito levemente nas virilhas. Arrepio-me toda e quase tenho de tapar a boca com a mão para não voltar a gemer. O que fica mais difícil depois de ele se ajoelhar e começar a lamber-me o monte de vénus e a zona em volta dos lábios da vagina… Quero explodir, quero espirrar-lhe a cara toda com o meu sumo de cona, quero que ele se meta todo em mim. E como sou eu que mando, é isso que ele faz. Segura-me nas nádegas e espeta-se até ao fundo!
O sujo vê o buraco do cu exposto e a palpitar, vem por trás e enfia-lhe o caralho, que é grosso de mais e me arranca um gemido abafado. As minhas pernas tremem e agarro-me para não cair. Os dois machos abraçam-se um ao outro comigo esmagada no meio, e começaram a bombar cada um do seu lado. Trabalham-me assim um bom bocado até decidirem trocar. Sentir aqueles paus a sair e voltar a entrar dentro de mim deixa-me à beira da loucura… Quero gritar! Sinto vir o orgasmo… Grau máximo de excitação numa relação sexual ou na masturbação com sete letras… Fecho os olhos, agarro-me com as duas mãos à pega que me sustém e venho-me profusamente pelas pernas abaixo…!
Saio do autocarro ainda a tremer e com as pernas a escorrer, indiferente à possibilidade de me verem ou não naquela figura. Chego a casa e deito-me, sem sequer me lavar (não me quero tocar), esgotada pelo meu orgasmo público.
Não sei quantas horas dormi, mas quando acordo o meu homem está ao meu lado na cama.
– Olá, amor! Estás aqui? Que horas são?
– Horas de jantar…
– Devo ter adormecido. Estou cheia de fome… Vamos comer? – pergunto, ainda ensonada e começando a levantar-me.
Se fosse eu que mandasse, era ele que mandava sempre. Quero sair da cama mas a mão dele agarra-me. Puxa-me com os seus braços fortes e sinto as costas quentes coladas ao seu peito nu.
– Cheiras bem!
Aperta-me as mamas, roçando um dedo em cada mamilo, e depois deixa deslizar as mãos pelo meu corpo todo até encontrar o centro das minhas pernas. Ele não precisa de quatro mãos, sabe bem o que fazer com duas. Então, sem me perguntar por onde as quero, enfia-me o caralho todo bem dentro da cona!
Ele não precisa de perguntar porque hoje é um dia daqueles. E nesses dias ele sabe o que eu preciso:
– Fode-me, cabrão! Fode-me até amanhã!
Retirado de outro site
Créditos: Armando Sarilhos
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